2º ANO E - SOCIOLOGIA
2º ANO E - SOCIOLOGIA

 

REFERENCIAL CURRICULAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Rede Estadual de Ensino

ENSINO MÉDIO

SOCIOLOGIA

SEGUNDO ANO


 

 

4º BIMESTRE

Concepções de Estado e poder Político

Poder e Política: etimologia

Tipos de Estado (ditatorial, democrático, social-democrático, estado socialista)

Modelo de Estados modernos e de economia contemporânea

Estado Liberal, Bem-Estar Social, Neoliberalismo e Socialismo

 

CONCEPÇÕES GERAIS SOBRE O ESTADO

 

Estado (Etimologia): De pólis advém o conceito de política, que é a ciência/arte de  governar a cidade. Para os romanos, a civitas ou res pública é chamada de status, que significa situação ou condição. E é na modernidade que o Estado surgirá como instituição, tal como o conhecemos atualmente. Assim como encontraremos diversas grafias  para a palavra (em francês Estado será État, Staat para o alemão, Stato para o italiano e Estado para o espanhol e para o português), também seu significado sofre alterações ao longo da História. A definição etimológica de Estado feita por Dallari (1995, p. 43) é que a palavra tem origem atina, status, que significa  estar firme, denotando situação permanente de convivência e ligada à sociedade política, aparecendo pela primeira vez em O Príncipe, de Maquiavel, escrito em 1513. O conceito de Estado,portanto, na forma que entendemos hoje, é recente, uma definição moderna. Nem sempre o Estado, do modo que o conhecemos hoje, existiu. Foi apenas no início da Idade Moderna (séculos 16-17) que ele se tornou uma realidade. França, Inglaterra, Espanha e Portugal foram os primeiros Estados a se unificarem. Maquiavel, na obra O Príncipe (1513), inicia a discussão teórica sobre o Estado: “Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados”.2 Isso não significa, entretanto, que antes da formação do Estado moderno não existissem outras formas de governo e de poder. A partir das seções seguintes conheceremos mais sobre o assunto.

 

POLÍTICA (ETIMOLOGIA): A palavra “política” provém dos vocábulos gregos pólis, politeia, política, politikè,ê.Pólis: a cidade, a região, ou ainda a reunião dos cidadãos que formam a cidade; ê politeia: o Estado, a Constituição, o regime político, a República, a cidadania (no sentido do direito dos cidadãos); – ta política: plural neutro de políticos, as coisas políticas, as coisas cívicas, tudo o que é inerente ao Estado, à Constituição, ao regime político, à República, à soberania; – ê politikè (techné): a arte da política (Prélot, 1964, p. 7). Em sentido comum, a política é essencialmente a vida política, a luta em torno do poder; é o fenômeno em si mesmo. Para Kitto (1970), a formação da pólis grega resulta, entre outros fatores, de migrações dos dórios, beócios e tessálios (1200 a.C. em diante). Os núcleos urbanos, construídos em torno das fortalezas micênicas, se transformam em comunidades político-religiosas autônomas. Ática, Argos, Atenas, Esparta, Tebas, Mileto e Corinto estabelecem relações comerciais entre si e através de todo o Mediterrâneo. Em torno de 1000 a.C., o intercâmbio comercial transforma-se num processo de colonização e escravização de outros povos; “pólis é a palavra grega que traduzimos por cidade-estado. É uma má tradução porque a pólis comum não se assemelhava muito a uma cidade e era muito mais que um Estado” (p. 107)

 

 

DEFINIÇÃO DE PODER:

Poder (do latim potere) é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros. Foi importante para o desenvolvimento da atual concepção de poder os trabalhos de Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu. Dentre as principais teorias sociológicas relacionadas ao poder podemos destacar a teoria dos jogos, o feminismo, o machismo,o campo simbólico o especismo etc. A política define o poder como a capacidade de impor algo sem alternativa para a desobediência. O poder político, quando reconhecido como legítimo e sancionado como executor da ordem estabelecida, coincide com a autoridade, mas há poder político distinto desta e que até se lhe opõe, como acontece na revolução ou nas ditaduras.

                                                                                                       

 

                                                                                                       


3º BIMESTRE

Cultura e dominação

Antropologia como ciência social da cultura

Minorias e a questão do gênero

Aculturação e movimentos de resistência cultural

                Cidadania e as relações interculturais

Caro (a) Aluno(a), por favor, leia o texto abaixo:

Simplificação gera guerras santas

 

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UMBERTO ECO

Que alguém tenha, nos últimos dias, pronunciado palavras inoportunas sobre a superioridade da cultura ocidental é um fato secundário. É secundário que alguém diga algo que considere correto, mas no momento errado, e é secundário que alguém acredite em algo injusto ou mesmo errado, porque o mundo está cheio de gente que acredita em coisas injustas e erradas, até mesmo um senhor que se chama Bin Laden, que talvez seja mais rico que o nosso primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, e tenha estudado em universidades melhores. O que não é secundário -e que deve preocupar um pouco a todos- é que expressões, ou mesmo artigos inteiros e apaixonados que de algum modo as legitimaram, tornem-se objeto de discussão geral, ocupem a mente dos jovens e talvez os induzam a conclusões passionais ditadas pela emoção do momento. Preocupo-me com os jovens porque a cabeça dos velhos não se muda mais.

As guerras de religiões que ensanguentaram o mundo por séculos nasceram de adesões passionais a contraposições simplistas, como nós e os outros, bons e maus, brancos e negros.

Se a cultura ocidental demonstrou-se fecunda (não só do Iluminismo até hoje, mas antes disso, quando o franciscano Roger Bacon nos convidava a aprender línguas porque temos algo a aprender, mesmo dos infiéis), é também porque esforçou-se para "dissolver", à luz de investigação e espírito crítico, simplificações danosas.

Naturalmente, não fez isso sempre, porque também fazem parte da história da cultura ocidental Hitler, que queimava os livros, condenava a arte "degenerada", matava os pertencentes às raças "inferiores", ou o fascismo, que me ensinava na escola a recitar "Deus amaldiçoe os ingleses", porque eram "o povo das cinco refeições" e, portanto, gulosos, inferiores ao italiano parco e espartano. Mas são os melhores aspectos de nossa cultura que devemos discutir com os jovens, de qualquer cor, se não quisermos que desabem novas torres nos dias que eles viverão depois de nós.

Um elemento de confusão é que, frequentemente, não se consegue compreender a diferença entre a identificação com as próprias raízes, o entendimento de quem tem outras raízes e o julgamento de o que é bem ou mal. Quanto às raízes, se me perguntassem se preferiria passar os anos de aposentadoria numa cidadezinha em Monferrato, na majestosa região do parque nacional de Abruzzo, ou nas doces colinas da região de Siena, escolheria Monferrato. Mas isso não permite que julgue outras regiões italianas como inferiores ao Piemonte.

Dessa forma, se, com suas palavras, o primeiro-ministro queria dizer que prefere viver em Arcore do que em Cabul e tratar-se num hospital milanês do que num hospital em Bagdá, eu estaria pronto para aderir à sua opinião (com a exceção de Arcore). E isso mesmo que dissessem que em Bagdá fundaram o hospital mais equipado do mundo: em Milão me sentiria mais em casa, e isso também influiria na minha capacidade de recuperação. As raízes podem ser até mais amplas do que as regionais ou nacionais. Preferiria viver em Limoges, por assim dizer, do que em Moscou. Mas como, Moscou não é uma cidade belíssima? Certamente, mas em Limoges eu entenderia a língua.

Em suma, cada um se identifica com a cultura em que cresceu, e os casos de transplante radical, que também existem, são uma minoria. Lawrence da Arábia até se vestia como os árabes, mas, no final, voltou para sua própria casa.

Passemos agora ao confronto de civilizações, porque é essa a questão. O Ocidente, seja apenas e frequentemente por razões de expansão econômica, foi curioso em relação a outras civilizações. Muitas vezes as liquidou com desprezo: os gregos chamavam de bárbaros, ou seja, de balbuciantes aqueles que não falavam sua língua, e, por isso, era como se aqueles não falassem em absoluto. Mas gregos mais maduros, como os estóicos (talvez porque alguns fossem de origem fenícia), bem cedo advertiram que os bárbaros usavam palavras diferentes das gregas, mas se referiam aos mesmos pensamentos. Marco Polo procurou descrever com grande respeito os usos e costumes chineses; os grandes mestres da tecnologia cristã medieval procuravam fazer com que fossem traduzidos os textos de filósofos, médicos e astrólogos árabes; os homens do Renascimento até exageraram na sua tentativa de recuperar a sabedoria oriental perdida, dos caldeus aos egípcios; Montesquieu procurou entender como um persa poderia ver os franceses; e os antropólogos modernos conduziram seus primeiros estudos sobre as relações dos salesianos, que, de fato, aproximavam-se dos Bororos para convertê-los, mas também para entender qual era o seu modo de pensar e de viver -talvez por lembrar que missionários de séculos antes não tinham conseguido entender as civilizações ameríndias e haviam, assim, encorajado seu extermínio.

Fiz menção aos antropólogos. Não falo nada de novo se lembro que, da metade do século 19 em diante, a antropologia cultural desenvolveu-se como tentativa de sanar o remorso do Ocidente em relação aos Outros, e especialmente àqueles Outros que eram considerados selvagens, sociedades sem história, povos primitivos. O Ocidente não fora sensível com os selvagens: havia-os "descoberto", tentado evangelizá-los, explorá-los e reduzir muitos à escravidão, aliás, com a ajuda dos árabes, porque os navios dos escravos eram descarregados em Nova Orleans por traficantes muçulmanos. A antropologia cultural (que pôde prosperar graças à expansão colonial) procurava reparar os pecados do colonialismo, mostrando que aquelas culturas "outras" eram justamente culturas, com suas crenças, seus ritos, seus hábitos, bastante razoáveis no contexto em que haviam se desenvolvido e absolutamente orgânicas, ou seja, se sustentavam sobre uma lógica interna. A tarefa do antropólogo cultural era a de demonstrar que existiam lógicas diferentes da ocidental, que deviam ser levadas a sério, não desprezadas e reprimidas.

Isso não queria dizer que os antropólogos, uma vez explicada a lógica dos Outros, decidissem viver como eles; pelo contrário, terminado seu trabalho de muitos anos além-mar, voltavam para passar uma serena velhice em Devonshire ou na Picardia. Mas, lendo seus livros, alguém poderia pensar que a antropologia cultural defende uma posição relativista e que afirma que uma cultura equivale a outra. Não me parece. No máximo, o antropólogo dizia que, enquanto os Outros estivessem em sua própria casa, era preciso respeitar seu modo de viver.

A verdadeira lição que se deve tirar da antropologia cultural é que, para dizer se uma cultura é superior a outra, é preciso fixar parâmetros. Uma coisa é dizer o que é uma cultura, outra é dizer com base em quais parâmetros a julgamos. Uma cultura pode ser descrita de forma aceitavelmente objetiva: essas pessoas comportam-se assim, crêem nos espíritos ou numa única divindade que deriva de si toda a natureza, unem-se em clãs de parentesco segundo essas regras, consideram que seja bonito transpassar o nariz com anéis (poderia ser uma descrição da cultura jovem no Ocidente), consideram impura a carne de porco, circuncidam-se, criam cães para colocá-los na panela em dias festivos ou, como ainda dizem os americanos sobre os franceses, comem rãs. O antropólogo obviamente sabe que a objetividade é sempre posta em crise por tantos fatores. No ano passado, estive em Dogon (Camarões) e perguntei a um garotinho se ele era muçulmano. Ele respondeu em francês: "Não, sou animista". Ora, acreditem, um animista não se define animista se não tiver pelo menos obtido um diploma na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris), e, portanto, a criança falava da própria cultura da forma como a haviam definido os antropólogos.

E, em seguida RESPONDA:

pergunta:A antropologia cultural (que pôde prosperar graças à expansão colonial) procurava reparar os pecados do colonialismo, mostrando que aquelas culturas "outras" eram justamente culturas, com suas crenças, seus ritos, seus hábitos, bastante razoáveis no contexto em que haviam se desenvolvido e absolutamente orgânicas, ou seja, se sustentavam sobre uma lógica interna. A tarefa do antropólogo cultural era a de demonstrar que existiam lógicas diferentes da ocidental, que deviam ser levadas a sério, não desprezadas e reprimidas. ECO, Umberto. Simplificação gera guerras santas . "Folha de S. Paulo", 7.10.2001. Considerando o texto, responda.
a) O autor se refere a quais culturas, quando diz "aquelas culturas outras"?
b) Quais as ideologias neocoloniais que se confrontavam com as propostas da antropologia cultural mencionadas no texto?

 

SUGESTÃO DE RESPOSTA (LETRA “A”):

 

O AUTOR SE REFERE A QUAIS CULTURAS, QUANDO DIZ "AQUELAS CULTURAS OUTRAS"?

 

Eram culturas com suas crenças próprias, seus ritos, seus hábitos, bastante razoáveis no contexto em que haviam se desenvolvido e absolutamente orgânicas, ou seja, se sustentavam sobre uma lógica interna, portanto, de acordo com a lógica ocidental não deviam ser levadas a sério. Deviam também ser desprezadas, reprimidas e eliminadas. A saber: (exemplos que aparecem no texto)

 

CABUL (CAPITAL DO AFEGANISTÃO, país invadido pelas tropas dos EUA logo após os ataques terroristas de 11 de setembro);

BAGDÁ (CAPITAL DO IRAQUE, país de Sadan Hussein acusado e invadido pelos EUA sob a acusação de fabricar armas químicas e atômicas);

MOSCOU (CAPITAL DA UNIÃO SOVIÉTICA, país que durante a guerra fria adotava o modelo econômico socialista, contrário ao capitalismo norte-americano, com religião e costumes diferentes dos ocidentais);

ARÁBIA (A Península Arábica, ou simplesmente o país Arábia Saudita, representa uma região com um conjunto de povos com manifestações culturais e religiosas diferentes da ocidental e européia);

POVOS BÁRBAROS

CIVILIZAÇÕES AMERÍNDIAS

POVOS AFRICANOS

EGITO, LÍBIA, ISRAEL (Suas religiões, economias, costumes e formas de governo).

SUGESTÃO DE RESPOSTA (LETRA “B”):

 

QUAIS AS IDEOLOGIAS NEOCOLONIAIS QUE SE CONFRONTAVAM COM AS PROPOSTAS DA ANTROPOLOGIA CULTURAL MENCIONADAS NO TEXTO?

A ANTROPOLOGIA CULTURAL afirma que uma cultura não pode ser considerada inferior ou superior a outra. É preciso respeitar o modo de viver de cada povo ou cultura.

A ANTROPOLOGIA CULTURAL (que pôde prosperar graças à expansão colonial) procurava reparar os pecados do colonialismo, mostrando que aquelas culturas "outras" eram justamente culturas, com suas crenças, seus ritos, seus hábitos. A tarefa do antropólogo cultural era a de demonstrar que existiam lógicas diferentes da ocidental, que deviam ser levadas a sério, não desprezadas e reprimidas.

 


A antropologia cultural, é uma das quatro áreas da antropologia geral (four-field-approach), junto com a antropologia física (também conhecida como antropologia biológica), a arqueologia e a linguística.

A antropologia cultural é diferente da antropologia social, diferindo principalmente na perspectiva.

Tem por objetivo o estudo do homem e das sociedades humanas na sua vertente cultural. A representação, pela palavra ou pela imagem, é uma das suas questões centrais. Assim, o estudo da natureza do signo na comunicação humana, tornou-se preocupação maior. O signo (ver Ferdinand de Saussure), em linguagem humana e, em representação iconográfica, o ícone (ver Charles Sanders Peirce) , são pontos de partida para o desenvolvimento das disciplinas da antropologia oral ou da antropologia visual.

A criação desta disciplina reflete em parte uma reação contra a noção antiga de oposição entre "cultura" e "natureza", segundo a qual alguns humanos vivem num "estado natural" (de pura natureza). Antropólogos argumentam que a cultura é "natureza humana" e que todas as pessoas têm a capacidade de classificar experiências, codificar classificações simbolicamente e transmitir tais abstrações. Desde que a cultura é aprendida que pessoas vivendo em diferentes lugares têm diferentes culturas.

O conceito de antropologia cultural implica os de a.) Ciência Social - propõe conhecer o homem enquanto elemento integrante de grupos organizados. b.) Ciência Humana - volta-se especificamente para o homem como um todo: sua história, suas crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem, características psicológicas, valores éticos etc. Ver : Lista de antropólogos

A aculturação refere-se ao encontro de duas culturas diferentes e, segundo afirmações mais tradicionais, a sobreposição de uma cultura sobre a outra. Historicamente, a aculturação moderna tornou-se evidente a partir da colonização nas Américas, África e Oceania.

Antes do período das grandes navegações mercantilistas e da colonização dessas regiões por nações europeias , a própria Europa sofreu aculturação, por exemplo, no período em que parte de seu continente esteve nas mãos dos povos árabes.

No conceito geral, define-se a aculturação como um processo de imposição cultural que, no Brasil colonial, ocorreu pela catequisação dos índios, negros escravos e por meio de  referências “civilizatórias” trazidas por portugueses, franceses e ingleses.

Nos tempos atuais, a aculturação é percebida como resultado de um processo de intercâmbio cultura em que duas culturas absorvem mutuamente suas características e costumes gerando uma nova referência. Essa nova referência ou nova cultura apresenta traços da cultura inicial e da cultura absorvida.

A cultura brasileira é formada por traços portugueses, africanos e indígenas; formação ocorrida no decorrer de nossa história pela colonização e pelo processo de imigração. A globalização e a interatividade das mídias permitem  um processo de aculturação e nivelamento das culturas pela proximidade das sociedades, das trocas e da rapidez dos veículos de comunicação que distribuem diversas referências, comportamentos e signos culturais em diferentes países.

Acredita-se que a aculturação, sendo um processo moderno de expansão, não consegue destruir por completo a identidade social e local de um povo. Hoje, a aculturação é considerada proveniente de um processo não violento , mas proveniente de uma necessidade de informação e busca de aspectos culturais por parte de vários povos.

Trata-se de um processo de aquisição que ocorre por meio de vários grupos de culturas diversas, permitindo que indivíduos de uma cultura aprendam o comportamento o as tradições de indivíduos de outra cultura.

É errado pensar que uma cultura desapareça por completo após sofrer  influências de outra cultura, a cultura morre junto com o seu povo e, muitas vezes, se fortalece quando mescla sua cultura com a de outros povos.

Devemos considerar que, mesmo nos tempos feudais e mercantis, nenhum povo conseguia viver constantemente isolado e que a cultura é um processo dinâmico em constante formação e expansão.

A cultura não é estática ou mórbida, seja por fatores históricos, humanos e até mesmo bélico, ela é capaz de perder , reaver ou absorver novas referências durante o processo de consolidação ou reorganização de uma sociedade. A aculturação não significa a morte dos signos e comportamentos culturais de um povo, mas um processo proveniente de causas impostas ou antropologicamente naturais.

Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Aculturação
http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia/aculturacao.htm

 

Texto para leitura, reflexão, interpretação e produção

 

“MINORIAS SOCIAIS E GÊNERO”


Minorias
Grupos minoritários - o termo grupos minoritários é amplamente utilizada na sociologia, sendo mais que uma distinção numérica, existem muitas minorias. Ex.:pessoas altas, magras, baixas, porém estas não são minorias segundo o conceito sociológico, minorias são um grupo inferior numericamente e estão em desvantagens sociais se comparados com a grande parte da população majoritária, sendo objeto de preconceito de tal grupo dominante, tal comportamento reforça a ideia de lealdade e de interesses comuns. Por isso quando a expressão “minoria” é usada pelos sociólogos não é em caráter numérico e sim a posição subordinada do grupo dentro da sociedade, pois o termo minoria expressa a situação de desamparo, os membros deste grupo estão normalmente isolados física e socialmente, costumam se concentrar em certos bairros, cidades ou regiões. Esses grupos costumam casar entre si para manter viva sua distinção cultural. Diferenças físicas, como a cor da pele, são, com frequência, o fator decisivo para designar uma minoria étnica, as diferenças étnicas são comuns em associações de desigualdades em relação à riqueza e ao poder. Com o crescimento cada vez maior da globalização, as culturas vêm sofrendo alterações comprometendo as identidades culturais. É uma espécie de “rotulação” mundial da cultura ou uma globalização cultural.
Na sociedade consumista os meios de comunicação em massa determinam o que devemos comer vestir, assistir, ouvir, usar, comprar, entre outras imposições.  Diante da “padronização” cultural, existem no mundo vários grupos com práticas culturais, religiosas peculiares, são grupos diferentes denominados de minorias, correspondem a grupos ou nações que lutam por seus ideais, o primeiro luta pelo respeito e cidadania, o segundo aspiram por sua independência territorial, cultural, religiosa e política, para defender os interesses de suas peculiaridades. Mas as minorias não são compostas apenas de nações reivindicando sua independência territorial, existem as minorias inseridas em praticamente todas as sociedades. A situação de exclusão e/ou discriminação provoca o surgimento de organizações que buscam dignidade e respeito através de ações políticas. Podemos exemplificar vários grupos de minorias, como os homossexuais, os sem terra, os sem teto, as feministas e os povos indígenas, todos eles tem seus motivos para lutar, todos eles são minorias dentro das sociedades, no fim todos querem o mesmo, ser respeitados.


A questão do gênero:

 

Rachel Soihet, em seu livro "Condição feminina e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1890-1920" cita que, "A honra da mulher está vinculada à defesa da virgindade ou da fidelidade conjugal, sendo um conceito sexualmente localizado, da qual o homem é o legitimador, já que esta é dada pela sua ausência através da virgindade ou pela sua presença legítima com o casamento. Essa idéia é tão poderosa que extrapola a própria mulher, abrangendo toda a família." Segundo o dicionário Aurélio, Gênero quer dizer, "grupo de seres que se assemelham por seus caracteres essenciais", "reunião de corpos orgânicos que constituem espécie; raça; família; sorte; qualidade; casta; modo; maneira; objeto; coisa", entre outras distinções. A relação gênero, é dada maneira de olhar a realidade da vida (das mulheres e dos homens) para determinar e compreender, primeiro as relações sociais entre mulheres e homens, em segundo, as relações de poder entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens, assim é nas relações sociais que se constroem os gêneros. Essa capacidade de poder constitui na capacidade de uma ação de um sobre o outro, prestando o conjunto de dominação, de A sobre B. Não há o que discutir que há muito tempo, as mulheres das classes trabalhadoras e camponesas exerciam atividades fora do lar, nas fabricas, nas oficinas e nas lavouras. Mesmo que primeiramente essas atividades tenham sido feitas por homens ou mesmo organizadas pelos mesmos. Na realidade a qualidade de diferença sexual apresenta apenas como anatomofisiológicas que existem e caracterizam homens e mulheres. Gênero tem sido desde a década de 1970, o termo usado para teorizar a questão da diferença sexual. Foi inicialmente utilizado pelas feministas americanas que queriam insistir no caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indica uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como sexo ou diferença sexual. O gênero se torna inclusive, uma maneira de indicar as construções sociais, a criação inteiramente social das idéias sobre os papéis próprios aos homens e as mulheres. O gênero sublinha também o aspecto relacional entre as mulheres e os homens, ou seja, que nenhuma compreensão de qualquer um dos dois pode existir através de um estudo que os considere totalmente separado. Vale frisar que esse termo foi proposto por aqueles que defendiam que a pesquisa sobre as mulheres transformaria fundamentalmente os paradigmas da disciplina, acrescentaria não só novos temas, como também iria impor uma reavaliação crítica das premissas e critérios do trabalho científico existente. Dessa forma, gênero não passa da maneira como homens e mulheres se assumem em dada sociedade, isso permanentemente dentro da própria história. Gênero, assim não passa de uma realização cultural.
Portanto, podemos identificar gênero como um conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas atribuídas às pessoas de forma diferenciada de acordo com o sexo. Se, as características de gênero são construções socioculturais que variam através da história e se referem aos papéis psicológicos e culturais que a sociedade atribui a cada um do que considera "masculino" ou "feminino". Sexo não passa de características físicas, biológicas, anatômicas e fisiológicas dos seres humanos que os definem como macho/fêmea. Reconhece-se a partir de dados corporais, genitais, sendo o sexo uma construção natural, com a qual se nasce.
A situação das mulheres variou durante o longo tempo histórico, concomitantemente (no tempo e no espaço). Sendo necessário que se demonstre que as mulheres têm sido agentes ativos na história da humanidade. É necessário que se entenda que existem diferenças hierárquicas entre relações de homens e mulheres, a existência de concepções variadas a respeito de mulher e homem. Dessa maneira surge a dificuldade de identificar a construção do sujeito Mulher. Se existem diferenças sexuais quanto a trabalho, dessa forma homens e mulheres atuam simultaneamente na produção como na reprodução de seu espaço. No decorrer da história tem sofrido a mulher atos de barbárie, quanto à desigualdade que vem sofrendo ao longo do tempo histórico. Porém, com o passar do tempo está conseguindo atribuir valores morais e sociais que não as mantém em inércia, quanto aos valores do homem. A mulher na realidade aceitava o papel de submissa do poder do homem, assim acomodou-se no seu espaço doméstico, quer e deseja ainda ser a rainha do lar. Está mulher aceita como seu representante o homem, assim reconhecendo no homem a faculdade de cuidar dos direitos de ambos.
Foi necessário que as mulheres tirassem o avental e buscassem de forma sistêmica os seus direitos quanto ao que os homens estavam devendo-as. Se todos são iguais e direitos onde apareceria a mulheres nessa lógica. A mulher precisava de uma emancipação quanto ao grau de identificação própria, que auto valorizasse como pessoa sujeita de diretos e composta de comportamentos idênticos aos seus semelhantes.

QUESTÕES PARA ESTUDO DIRIGIDO:

1. Destaque ou copie as palavras que você não compreendeu e procure descobrir o significado.
2. O que são Minorias, sociologicamente, e qual a importância de seu estudo?
3. Além das minorias citadas no texto que outras minorias você citaria que existem em nossa sociedade, justifique.
4.  Qual o origem da categoria de análise “Gênero”? O que significava originalmente e o que passou a significar?
5. Qual a utilidade em pesquisa social da categoria Gênero?
6. Que tipo de construção seria a ideia de Gênero para o autor do texto?
7. Qual a diferença entre sexo e gênero?
8. Qual a diferença entre a mulher tradicional e a moderna segundo o texto?

 

REFERÊNCIA:

http://sociologiacta.blogspot.com/2010/07/modernidade-texto-ii-minorias-sociais-e.html


SOBRE O CONCEITO DE CIDADANIA E SEUS REFLEXOS NA ESCOLA

Sobre cidadania o dicionário de língua portuguesa Larousse afirma ser “qualidade de cidadão”, “qualidade de uma pessoa que possui, em uma determinada comunidade, política, o conjunto de direitos civís e políticos”. No entanto, na realidade em que vivemos atualmente, se indagarmos a respeito do tema, certamente encontraremos uma diversidade de opiniões e nenhuma definição que possa contemplar de forma plena o conceito de cidadania. Podemos afirmar que ser cidadão é ter direitos e deveres. Mas de que maneira poderemos definir quais direitos e quais deveres? Portanto, é na determinação destes direitos e deveres que se encontra o “nó” relacionado a esta questão complexa que é a cidadania.

Ouve-se falar de “educação para a cidadania”, de “projetos educativos” voltados para a cidadania, enfim, de sociedades que tenham no cidadão o foco de suas preocupações. Mas apesar da discussão que é bastante ampla o que se pode perceber é que a literatura produzida não nos esclarece este aspecto importante para as sociedades ditas democráticas. Importante na medida em que, para que seja democrática, uma sociedade tem na participação dos seus indivíduos uma característica básica.

De todo modo, alguns autores, conscientes da “confusão” que se estabelece sobre o que seria e como exercer cidadania, tentam dar a este respeito algum esclarecimento. Entre estes autores, Gentili e Alencar afirmam que “a cidadania deve ser pensada como um conjunto de valores e práticas cujo exercício não somente se fundamenta no reconhecimento formal dos direitos e deveres que a constituem na vida cotidiana dos indivíduos”. (Gentili e Alencar, 2001, p. 87). Ou seja, não basta que se defina um conceito formalmente. Mais importante que isso é a prática dessa definição. Cidadania significa, além do reconhecimento dos direitos e deveres dos cidadãos, o cumprimento dos mesmos por parte da sociedade. Por outro lado, tanto o reconhecimento quanto o cumprimento destes direitos e deveres, não devem – como é de senso comum – se restringir à esfera política, isto é, ao direito e ao dever de votar e ser votado. Um outro aspecto importante é que a cidadania tem na igualdade uma condição de existência. Igualdade de direitos, de deveres, de oportunidades. Igualdade, enfim, de participação social e política.

Em meio a essa indefinição os “cidadãos” enfrentam justas dificuldades relativas ao exercício destes direitos e deveres que na realidade muitas vezes desconhecem por completo. Se o indivíduo não tem uma definição do que seja a cidadania, obviamente não poderá exercê-la de forma plena. Ao mesmo tempo, na medida em que se percebe esta indefinição no que se refere ao conceito de cidadania, a democracia tampouco poderá acontecer uma vez que ela se faz na participação dos cidadãos. Ou seja, a cidadania deve ser pensada como condição fundamental para a existência de uma sociedade democrática. Obviamente não se trata da cidadania “do papel”, isto é da teoria, mas da cidadania em termos práticos, a que deve acontecer com a participação de cada membro, cada cidadão consciente de seus direitos, deveres e valor.

A complexidade do mundo globalizado, a amplitude das comunicações, provocam essa indefinição relativamente à cidadania. Se ser cidadão significa, conforme a origem grega, em termos bastante genéricos, ser o habitante da cidade, isso implica no pertencimento a determinado espaço geográfico. Mas o que se pode perceber é que para a globalização não existem barreiras. Ao extrapolar estes limites faz desaparecer as peculiaridades de cada espaço e também dos indivíduos implicados. Serão todos “cidadãos do mundo”, sujeitos indefinidos socialmente. A rapidez das transformações sociais provoca igualmente transformações individuais. Isso exige readaptação, reeducação. É neste ponto que a escola precisa também ser repensada, principalmente os professores, responsáveis diretos por promover essa readaptação exigida pelas transformações tecnológicas. Dessa forma, é necessário que valores e a forma de disseminá-los sejam repensados, inclusive no que se refere à cidadania.